As pessoas ainda confundem, LIBRAS não é uma linguagem e sim uma língua
Durante todo o ano acontecem diversas atividades relacionadas a surdez com o objetivo de sensibilizar a população para os cuidados com o sistema auditivo, principalmente no dia 26 de setembro, Dia Nacional do Surdo.
O CPP Limeira, Centro Educacional João Fischer Sobrinho e o CLL – Curso de Libras Limeira desenvolvem o curso básico que tem como público alvo professores, familiares, interlocutores, pedagogos e outros profissionais que atuam com público, surdo ou não.
A história da educação de surdos no Brasil tem início por decisão de Dom Pedro II quando trouxe um surdo francês, Edward Huet, objetivando a criação de um Instituto para a educação de surdos-mudos por volta de 1.856.
A coordenadora do curso, professora Rita Cabral, destaca o empenho dos alunos e a descoberta do novo universo. “Como em qualquer idioma fico feliz quando vejo os alunos conversando sem o impedimento da ausência da oralidade”, destaca.
Todo o processo de alfabetização está a cargo de professores Mônica Azevedo do Amaral, Marcelo Draetta, Alexssandro Silva da Fonseca que são surdos e do professor ouvinte Maurício Gut, todos autorizados pelo MEC, que se comunicam com facilidade e possibilitam aulas onde predomina a interação.
A diretora regional do CPP, professora Doracy Alves da Costa Arcaro, ressalta que cursos dessa natureza são imprescindíveis para melhorar o entendimento entre professores e alunos nos diversos meios de aprendizagem e culminam numa sociedade mais inclusiva.
Em 2002, por meio da Lei 10.436, a LIBRAS foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Há vinte anos trabalhando com a área da surdez, Gut, reconhece que muitas mudanças ocorreram nesses 20 anos. “Havia muito preconceito, hoje já tem um status diferente, muito pelas leis de acessibilidade. As pessoas ainda confundem, LIBRAS não é uma linguagem e sim uma língua. Para o surdo a 1ª língua é LIBRAS e a 2ª é o Português, que eles só usam para se comunicar por escrito. Existem surdos de vários graus com perdas auditivas diferentes.”
O professor completa: “Hoje existe a profissão de interprete, mas em vários lugares o governo tem dificuldades para implantar o Decreto 5.626 de 2005 que regulamenta a profissão e torna obrigatória a presença do interprete. O prazo de 10 anos para a implantação se esgota em 2015”.
Segundo dados do Censo Demográfico 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 9,7 milhões declaram ter deficiência auditiva (5,1%). A deficiência auditiva severa foi declarada por mais de 2,1 milhões de pessoas. Destas, 344,2 mil são surdas e 1,7 milhão de pessoas têm grande dificuldade de ouvir.
Para a aluna Lucia Helena Candido de Souza, que trabalha como professora de educação especial, é importante esse contato com a língua o quanto antes. “A importância de no futuro me dedicar a área da surdez e trabalhar como interprete me impulsiona a contribuir com a sociedade para ajudar os surdos”.
O curso favorece o atendimento a pessoas em situação de rua. “O curso é importante para atendimento do pessoal surdo que precisa de abrigo, alimentação, roupas e está passando pela cidade”, afirma a aluna Geraldina Santos Ferreira, Educadora Social do Centro POP de Limeira.
Para a aluna Eliana Hervias Rodrigues essa aulas melhoram a comunicação com o mundo. “Eu me sinto deficiente quando preciso conversar com um surdo, pois sou eu que não sabe a língua dele. Quem não sabe falar LIBRAS não consegue se comunicar com eles”, afirma.
O Centro do Professorado Paulista – CPP – está localizado no Largo da Boa Morte, 156, no Centro de Limeira.
Serviço
Curso de libras
Público alvo: profissionais que atuam com público, surdo ou não
Quando: sábados, das 8h30 às 11h
Informações: libras2011@gmail.com ou comunicacacpplimeira@gmail.com
