O grupo de trabalho criado na Comissão de Educação (CE) para discutir o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa fará um ciclo de debates sobre o tema.
— O acordo foi concebido em 1970, assinado em 1990 e promulgado em 2008. Já nasceu defasado — analisa o professor Ernani Pimentel, um dos coordenadores do grupo de trabalho e idealizador do Projeto Simplificando a Ortografia.
O objetivo do ciclo de debates é levar propostas a respeito do acordo para exposição no Seminário Internacional Linguístico-Ortográfico da Língua Portuguesa, que será realizado em Brasília em setembro.
— O acordo mantém regras que estão dissociadas da didática moderna. É tão cheio de incoerências que nenhum professor em sã consciência pode dizer que o entende completamente — diz Pimentel.
Segundo o professor, a intenção é simplificar as normas ortográficas. Ele acredita que muitas são mantidas por motivos que não fariam mais sentido.
— A grafia de certas palavras só tem explicação pela etimologia. Mas ninguém se preocupa mais em saber a origem das palavras. Então temos regras inaplicáveis, que não são práticas.
Já o linguista Carlos Alberto Faraco, da Associação Brasileira de Linguística (Abralin), diz que o país está bem organizado em torno da proposta original e não vê razão para que se reabra a discussão.
— No momento, é prioritário o fechamento do círculo do acordo, que veio não para reformar a ortografia, mas apenas para dissolver a dualidade de ortografias oficiais que estavam criando constrangimentos à internacionalização da nossa língua.
Faraco acredita que o Brasil já está pronto para adotar definitivamente as normas do acordo de forma exclusiva, o que está previsto para acontecer em 2016. Atualmente, vive-se uma fase de transição, em que tanto as regras antigas quanto as novas devem ser aceitas como corretas.
— Desde 2010, todos os livros do Programa Nacional do Livro Didático estão sendo publicados em conformidade com o acordo. O sistema escolar o incorporou sem trauma. Os documentos oficiais estão ajustados. Toda a imprensa brasileira e todas as editoras o adotaram. Em suma, o acordo já está inteiramente implantado no Brasil.
Fonte: http://www12.senado.gov.br/jornal/edicoes/2014/08/20/acordo-ortografico-sera-discutido-em-audiencias
