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20/08/2015

 

Diário Oficial do Estado do último sábado (15) publicou matéria sobre o assunto. Kits serão distribuídos para as escolas estaduais. Ação visa conscientizar e orientar

Matéria publicada no Diário Oficial do Estado deste último sábado (15) tratou a respeito do bullying (situação em que uma vítima passa cotidianamente por agressões físicas ou verbais, praticadas por um colega de escola ou vários deles). Como uma das formas para propor uma conscientização a respeito do problema, a Secretaria Estadual da Educação vai distribuir ao longo deste semestre para as escolas da rede, cerca de 3,3 mil kits, cujo conteúdo orienta e ensina, com práticas e dinâmicas teatrais, meios para conscientizar os alunos a respeito dos malefícios deste hábito, que tanto prejudica os que dele sofrem.

Confira na matéria abaixo, publicada pelo Diário Oficial do Estado desde último sábado, detalhes a respeito do assunto:

 

TEATRO NA ESCOLA PARA COMBATER O BULLYING*

Há três anos, a Escola Estadual Professor Eurico Figueiredo, de ensino fundamental e médio, no Jaçanã, zona norte, tem chamado a atenção pela forma como trabalha projetos cuja finalidade é o enfrentamento das agressões física e verbal, ameaças, intimidação – o bullying entre alunos.

Neste ano, assim como as de – mais escolas estaduais, a unidade está às voltas com novo material formativo para que professores saibam usar as dinâmicas teatrais como instrumento pedagógico e protetor nas ocorrências de conflitos escolares. Serão distribuídos pela Secretaria Estadual da Educação, em parceria com o Instituto Sou da Paz, organização não governamental, neste semestre letivo, 3,3 mil kits às 91 Diretorias de Ensino do Estado (DEs). Para a gestora da Proteção Escolar da Diretoria de Ensino Norte-2, Raquel Turbian de Melo Prado, o material chega em boa hora. “Trata-se de projeto muito interessante”, diz ela, que tem aplicado, com sucesso, a dinâmica teatral nas aulas noturnas que ministra a jovens de 16 a 18 anos. “É importante explicar que nem tudo é bullying. Muitos ainda confundem com uma simples brincadeira ocorrida vez ou outra.”

Encenação

Geralmente, o bullying começa na escola de maneira contínua, causando sofrimento e dor à pessoa. “Às vezes, é pela aparência, porque o colega acha o outro feio, gordo, dentuço. Esse assunto tem de ser falado muito com a família, na escola, nas reuniões de pais e nas aulas de trabalho pedagógico coletivo”, diz Raquel. Segundo a mediadora de conflitos escolares na Eurico Figueiredo, Elizabeth Cristina de Souza Ramos Silva, o kit da dinâmica teatral tem sido bastante eficaz nas encenações, feitas fora das aulas, de preferência em dias de provas, quando os alunos têm mais tempo livre. Um caso recente foi resolvido durante uma dinâmica, comenta a mediadora. A aluna Karoline, de 16 anos, durante seis meses praticou bullying contra a colega Bianca, deficiente auditiva que veio de outra escola pela mesma razão.

Dinâmica

 A encenação teve a participação de Karoline, Daiane, 15 anos, Jaqueline, 16, e Rebeca (no papel de Bianca, ausente nesse dia), todas representando a situação vivida pela aluna com deficiência. Jaqueline, como professora, conduz o ato (Bom-dia, alunos!). Como Bianca não responde, Karoline se irrita: “Acorda! Não escuta?”. Nesse momento, uma aluna se levanta e fala do problema de Bianca a Jaqueline. Essa, por sua vez, convida o grupo a tapar os ouvidos com as mãos e a se pôr no lugar da garota com problema auditivo. “Vamos trabalhar as diferenças e ajudar a Bianca, que veio de outra escola onde também era vítima. Foram duas encenações, suficientes para encerrar o conflito”, diz. “Foi o tempo necessário para a Karoline entender por que praticava bullying. Agora, a Bianca está integrada ao grupo e se comunica normalmente com Karoline. Os alunos gostam da encenação, dizem estar mais seguros, porque estão sendo ouvidos. Antes achavam que não”, come mora a professora mediadora.

Mediação

Elizabeth lembra que, às vezes, o conflito não é criado apenas na escola, vem de casa. Quase não há diálogo nas famílias e a nossa função é fazer essa ponte. Alguns pais nos procuram para a mediação dos conflitos. A ideia do teatro foi inspirada em projeto piloto que reuniu 138 professores de 114 escolas. O kit oferece roteiros de peças, com temáticas diferentes e proposta de interpretação de cenas do cotidiano comuns ao universo jovem. Os alunos, posicionados no lugar dos outros, vivenciam cenas que os ajudam a compreender certas situações da vida real e, assim, evitar conflitos. Neste ano, 2,7 mil profissionais estão em atividade na ação, número 133% maior do que o registrado em 2010, quando o projeto começou. As capacitações e os treinamentos ocorrem ao longo do ano e novos profissionais são incluídos no grupo desses docentes. A proposta é que, inicialmente, a dinâmica seja aplicada pelos professores mediadores e por um educador que atua na rede estadual formado para identificar vulnerabilidades e traçar estratégias preventivas. Após a experiência, o modelo pode ser replicado e utilizado pelo docente de qualquer disciplina.

 

Maria das Graças Leocádio*

Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial 

Matéria publicada no Diário Oficial do Estado do dia 15/8/2015 – Para acessá-la pelo Diário, clique no link > aqui <